É motivo de enaltecimento o restauro em andamento do antigo Hotel do Imigrante, situado à Rua 15 de Novembro, tombado pela Fundação Cultural de Joinville – FCJ em 2009.
Datada do início do século 20, em sua origem, essa edificação sediava o consultório médico do doutor Konrad Sehrwald, seguida pela Pensão König e, por fim, pelo Hotel do Imigrante.
Permaneceu por anos em estado de abandono. Somente em 2009 teve início o processo de restauro propriamente dito. Porém as obras foram abandonadas em 2010, sendo retomadas apenas em maio de 2018.
Inclui-se um breve histórico das ações pelas quais passou. Em 2008 sofreu avarias (conforme publicações no jornal “A Notícia”, em 17 agosto de 2008 e 14 agosto de 2011). No ano seguinte, instalou-se nova estrutura do telhado. Essa medida, que deveria objetivar o restauro do patrimônio, culminou na demolição dos frontões superiores laterais. Apenas no ano de 2010 foi colocada a cobertura, sendo novamente paralisados os serviços. Chegou-se a 2013 sem que nenhuma providência tivesse sido adotada. Somou-se a isso mais agravamentos. No mesmo ano, em contato com a FCJ, soube-se que houve um boletim de ocorrência deflagrando a tentativa de demolição do bem. Infelizmente, após o abandono das obras de restauro em 2010, o que se viu foi o aumento cada vez mais acentuado das deteriorações, colocando em risco a integridade dessa edificação. Pode-se reafirmar o que se tem apregoado: edificação abandonada é ruína na certa.
Destaca-se que, nas imediações do antigo Hotel do Imigrante, há outras edificações históricas, incluindo a Casa da Memória e o Cemitério do Imigrante, os quais somam e evidenciam a paisagem cultural estabelecida naquela rua.
Roga-se, porém, que não seja apenas uma “maquiagem”, e que ocorra igualmente com outros exemplares de patrimônios tombados, que se encontram à margem do abandono; visto que a história de um povo deve ser valorizada e perpetuada. Endosso que a cidade não pode ser privada de seus bens culturais edificados, devendo ser impedido que patrimônios representativos sejam apagados, descaracterizados e abandonados, comprometendo e aniquilando a memória e identidade coletiva do lugar.
Rosana Barreto Martins
Arquiteta, Urbanista e Pesquisadora
Publicado originalmente em: Patrimônio Cultural de Joinville – 21/jun/2018 – AN